sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ética: a base do jornalismo

 Conheça a história do repórter que ajudou a desvendar o caso polêmico da “Escola Base”

Quando se fala de ética em coberturas jornalísticas, Florestan Fernandes Junior é referência no assunto. Paulistano formado em jornalismo pela UNIP/SP desde 1978 tem ampla experiência em jornalismo televisivo. Com mais de 35 anos de profissão, já passou por grandes veículos de comunicação, como: Rede Globo, Manchete, Rede TV, TV Cultura, Observatório da Imprensa, entre outros, e desde abril de 2008 é gerente executivo de jornalismo da EBC - TV Brasil regional SP e um dos âncoras do telejornal Repórter Brasil, da emissora.

Florestan Fernandes Junior no programa Diálogo Brasil.

Filho do sociólogo, político e escritor, Florestan Fernandes (1920 – 1995), de quem teve grande influência profissional, afirma que diversas vezes foi criticado por terem o mesmo nome e que o grande equívoco que as pessoas comentem é ligar o sucesso alcançado, ao seu pai. “Na escola, ligavam muito minha imagem à do meu pai, se eu tirava uma boa nota, era porque eu era filho do Florestan Fernandes, se a nota era ruim diziam, “tá vendo é filho do Florestan Fernandes, mas não é bom aluno””, relata o jornalista.

Ao longo de sua carreira, cobriu todo tipo de acontecimento, mas foi em 1994, que Florestan Fernandes Jr. deparou-se com um fato que chamou sua atenção. A forma com que grande parte dos jornalistas e a mídia em geral noticiaram de forma inconsequente e com acusações, condenaram os donos da Escola de Educação Infantil Base, que foram acusados de abusar sexualmente dos alunos da instituição, mesmo sem a apuração necessária, divulgando apenas o que era relatado pela polícia e pelo Delegado, Edelcio Lemos, que não hesitava em nenhuma das entrevistas que foram cedidas, em acusar diretamente os donos da escola.

Quando fato aconteceu, o jornalista trabalhava no programa “Opinião Nacional” (TV Cultura), com Heródoto Barbeiro, que notou algo estranho nas coberturas feitas pela imprensa.
Florestan foi escalado para cobrir as matérias e foi o único jornalista da época que agiu de forma imparcial. “A imprensa toda estava comprando a versão da polícia, mas eu ouvi os dois lados”, conta.

Florestan Fernandes Jr. no Programa Provocações da Tv Cultura.

No final, foi comprovada a inocência dos donos da escola, que foram absolvidos. Florestan passou a ser cogitado para dar palestras e entrevistas, onde relatava tudo o que aconteceu no caso “Escola Base”, que marcou a história do jornalismo no Brasil, é sempre citado quando o assunto é ética em coberturas feitas pela mídia.
Com uma postura “eticamente correta”, o jornalista que já trabalhou no observatório da Imprensa é bastante crítico com relação aos profissionais da área. E relata que no momento, é a favor de Conselho Nacional de Jornalismo, devido às atrocidades em que mídia insiste repercutir, e afirma: “chegou um momento em que algumas responsabilidades devem ser cobradas dos profissionais, precisa haver normas. Perdemos o limite das coisas que vão ao ar”.
No entanto, Florestan Fernandes Júnior, admite que ter uma postura ética no jornalismo é complicado e diz: “É difícil você ter ética e conviver com uma imprensa que trabalha com interesses econômicos e políticos”.